14 de dez. de 2014

Madrugada.

Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014
Madrugada.
 As ruas vazias, a luz dos postes, o nevoeiro. Eu não sei qual deles quero ser.
Silêncio.
Os olhos estão vazios como as ruas, não há mais luz, nem dia, apenas nevoeiros e madrugadas.
Temor.
O que temo eu nesta história toda?
Não se pode temer a ausência quando se está preenchida por ela. O que temo é a presença.
Temo olhar para o lado e encontrar outro olhar. Temo a ideia de que haja uma mão sobre a minha.
Mas temo ainda mais a ideia de não poder ir embora.
Partir. Talvez esse seja o real sentido por trás da existência.
Hoje estou nessa rua vazia, amanhã sou apenas lembrança. Não há espaço para grandes malas, ou emoções, ou lembranças, ou cartões postais.
Mas há um coração que ama, ama e deixa, por temer a união. Amar é um momento de contemplação.
Quando você toca o que ama ele se desfaz.
Diga-me, afinal,
Porque desejas tanto segurar minha mão?
Eu não tenho nada a oferecer, a menos que você espere um elogio. Tens uma mão delicada, com linhas suaves ou então mãos grandes e ásperas, que lhe pertencem.
Nada do que é seu me pertence, nada do que é meu lhe pertence. Não me dê algo que não peço,
Mas não me diga que não posso recusar algo que não conheço.
Se queres me dar algo, dê-me fé. Plante uma esperança perto de mim.Para que eu possa partir sabendo que ficaste acompanhado.
Não me ofereças seus lábios, muito menos seu coração.
Como poderia eu partir em paz carregando algo seu comigo?
Se desejar me beije, mas saiba que este pode ser o beijo da traição. Sua princesa pode se transformar numa bruxa má.
Entenda que não falo de sentimentos. Entenda que não espero nada de você. 
Eu só quero partir, ser parte desse nevoeiro que me tranquiliza. Ser algo que se desintegra e volta ao estado natural.
Não posso lhe dar o que espera de mim. Sem ao menos saber o que posso oferecer.
Passe por mim e não me veja. Passe por mim e pense que lembranças desaparecem.
Eu nunca pedi pra você me amar. Você que não entendeu.
E agora eu parti. Não sinto nada.

Adeus.

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