14 de dez. de 2014

Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014
Chove outra vez. O interior é inundado por uma mistura de saudade, amor e tesão.
A chuva escorre procurando por você, pelas ruas e córregos vai correndo, como se chamasse o seu nome.
Eu me perfumei como a primavera para esperar você, mas você nunca vem. As minhas flores murcham e caem e você nunca aparece para juntá-las. Elas morrem e renascem para um você que nunca vê.
Só os seus lábios sabem despertar as minhas cores e o meu sabor. Poliniza meu interior e produz o mais saboroso e raro mel. Mas se você não vem, o que faço com tudo o que fica guardado aqui?
Chove outra noite. O aroma de poeira cobre as ruas, mas você não deixou pegadas. Hoje o vento soprou-me que talvez alguém esteja ao seu lado, florescendo para você. Talvez seus olhos verdes tenham encontrado outras esmeraldas em meio às flores e você já nem precise de mel. Do meu mel.

É madrugada e já passaram das três. A casa está em silêncio e vejo fantasmas através do vidro da porta. Eles também sabem que você não virá. 

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