Chove outra vez. O interior é inundado por uma mistura de
saudade, amor e tesão.
A chuva escorre procurando por você, pelas ruas e córregos
vai correndo, como se chamasse o seu nome.
Eu me perfumei como a primavera para esperar você, mas você
nunca vem. As minhas flores murcham e caem e você nunca aparece para juntá-las.
Elas morrem e renascem para um você que nunca vê.
Só os seus lábios sabem despertar as minhas cores e o meu
sabor. Poliniza meu interior e produz o mais saboroso e raro mel. Mas se você não
vem, o que faço com tudo o que fica guardado aqui?
Chove outra noite. O aroma de poeira cobre as ruas, mas você
não deixou pegadas. Hoje o vento soprou-me que talvez alguém esteja ao seu
lado, florescendo para você. Talvez seus olhos verdes tenham encontrado outras
esmeraldas em meio às flores e você já nem precise de mel. Do meu mel.
É madrugada e já passaram das três. A casa está em silêncio
e vejo fantasmas através do vidro da porta. Eles também sabem que você não
virá.
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