Hoje eu resolvi deixar a porta fechada. Você vai passar e
pensar que não há ninguém em casa.
Tudo o que se houve aqui dentro é o barulho da torneira
pingando, da água escorrendo e alagando o chão. O vento que faz as janelas
tremerem. Mas não nenhum sinal de vida meu aqui.
Você vai bater palmas, abrir o portão, espiar pela janela e
não vai ver que continuo aqui. Você pode até chamar meu nome, mas eu não irei
responder. Eu vou ficar em silêncio até não ouvir mais os seus passos.
Quem sabe você vá se perguntar “O que eu fiz de errado?”, mas isso não diz
respeito à estar certo ou errado, meu amor. Isso diz respeito à minha
incapacidade de deixar alguém me amar, essa incapacidade de ter alguém ao meu
lado pra dizer “me sinto fraca” ou então pra fazer dengo de manhã só pra
receber café na cama.
Você não sabe, mas eu tenho medo de acordar um dia e não
saber mais quem eu sou. Eu sei ... Eu sei ... podemos ser melhores juntos, mas
e eu? Como fico nessa história? E se um dia tudo isso acabar e você me levar de
mim?
Suspiro aliviada quando olho pra porta e percebo que ela
ainda está fechada. É melhor assim. Você vai encontrar alguém melhor pra você,
talvez ali na esquina, talvez a moça que irá lhe pedir informação. Continue
andando meu amor, a porta não se abrirá e a água continuará pingando aqui
dentro.
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