27 de out. de 2014

Recuerdos III.

Postado por AnaBaú às segunda-feira, outubro 27, 2014 0 comentários
Chove.
As gotas escorrem sobre mim e o meu corpo pinga.
Você se aproxima e o meu corpo estremece,
Teus olhos sobre mim chegam como uma ventania,
A tua língua marca no corpo o caminho dos raios,
Quer ouvir os trovões do meu desejo ecoando pelo céu da minha boca.
E o seu corpo pinga.
Escorre pela minha boca.
Brota de minhas entranhas como cascata natural.
Inunda meu ser com o seu líquido que agora é meu.
Aos poucos estamos criando uma nova estação,
Chuva, suor, saliva e gozo.
O ego está inundado, inebriado pelo mais suave aroma.
Escava em mim a sua gruta,
Faz de mim a tua morada,
Explora as joias enterradas.
Tira tudo de mim,
Rouba tudo o que eu tenho.
Chove em mim,
Molha a minha cara,
A minha vergonha,
O meu medo,
O meu desejo.
Esfrega com força e arranca o meu passado,
Agora eu sou tua terra, toda nua, tua propriedade.
Explora-me, revira-me,
Reivindica até que a minha boca se abra
E receba a chuva sagrada que só é armazenada em ti.
Chove em mim,
Me lambuza, me marca, me prende.
Me deixa pingar.
Postado por AnaBaú às segunda-feira, outubro 27, 2014 0 comentários
Orgasmos e lágrimas.
Foi tão lindo que parece mentira. Ontem você me deitava na cama e me fazia sentir a mulher mais desejada do mundo. Eu fecho os olhos e ainda posso sentir a sua língua quente passando pelo meu corpo e me arrancando arrepios. O rastro molhado, o hálito quente no meu pescoço, as suas mãos fortes, a sua cabeça entre as minhas pernas, os seus cabelos entre as minhas mãos, os nossos gemidos.
O meu olhar safado entre as suas pernas, as mordidas nas coxas, o cabelo que insistia em entrar na boca, os nossos risos, o modo como você me puxou para cima e me fez cavalgar pelas pradarias mais verdes que eu já vi. Com você eu fui cavalo indomado que corre em direção à liberdade.
A sua delicadeza e ao mesmo tempo firmeza, a forma como olhava pra mim e me fazia queimar de desejo e ao mesmo tempo acalmava os meus mares interiores. A sua boca na minha orelha, o seu gemido, o seu grito, o seu orgasmo, o meu deleite.
Como posso esquecer da forma como você me pegou pelos cabelos e me trouxe até você, como esquecer do seu cheiro na minha pele, do seu gosto na minha boca, da minha vida nas suas mãos. E o meu riso, ele nunca mais foi o mesmo sem você;
Desta vez é o meu orgasmo que invade o cômodo, lambuza a sua cara, a sua roupa, a sua alma. E sobre a minha pele correntes elétricas se misturam com terremotos marítimos, eu me agarro em você por pensar que não vou aguentar tanta intensidade. Desmaiamos.
Ontem eram orgasmos, hoje são apenas gotas salgadas que escorrem pela minha face. Se eu dissesse que eu estava completamente entregue à você, você retornaria e me amaria? Hoje não restou um orgasmo sequer, apenas lágrimas que apagaram um fogo que não acende mais.

Recuerdos.

Postado por AnaBaú às segunda-feira, outubro 27, 2014 0 comentários
"Apenas um beijo (cinco)/ Apenas um toque (quatro)/Apenas um olhar (três)/ Apenas um amor (dois)/ Um".
Há uma música ao fundo cantando “São precisos dois. Dois lados de uma mesma história. Não só eu, não só você” . Eu ouço enquanto espero você chegar. Quem seria louca o suficiente, pra ficar acordada até as três da manhã depois de um dia cansativo esperando você chegar? Eu, é claro. “Me espere sem nada” você diz. Aqui estou eu, nua, sentindo uma brisa fria passar pelo meu corpo, desejando que a sua brisa quente me faça evaporar.
Vem, me chupa pela última vez. Quero sentir sua língua quente e úmida nas minhas costas, nas minhas coxas, na minha boca. Suas mãos percorrendo o meu corpo, acariciando, apertando, esmagando, acalmando, acolhendo. Quero que me traga para o seu corpo e diga no meu ouvido “eu vou te fazer mulher, custe o que custar essa noite”. Hoje não tenho máscaras para tirar, meu querido. Venha e me pegue crua, nua, totalmente entregue às suas ordens, lembrando que esta é a ultima vez. Me faça gozar na sua cara, na sua boca, nas suas mãos para que eu não esqueça que um dia te pertenci. Permita que eu entre no paraíso uma vez mais, não me negue os campos do paraíso que só alcancei com você.
Talvez você não entenda porque esta será a última vez. Mas, ouça meu querido, enquanto eu lhe pertencer, não serei mais minha. A música continua “Encarei meus demônios, sim, paguei minhas dívidas, precisei crescer” e você foi quem me colheu verde no pé e esperou até que eu estivesse no ponto para aí sim me comer. Fez com que eu descobrisse a suculência, os sabores que carrego comigo, descobri que existem sementes em mim que podem gerar muitos frutos. Ouça querido, você não me fará mulher nesta noite, porque me fizeste mulher no instante em que despertou a seiva que há em mim. Por mais que você me faça sentir viva, eu sou minha, eu me pertenço. Você me apresentou ao seu paraíso, mas quem deve iniciar as plantações do meu próprio paraíso sou eu. Então vem, não demora, me chupa, soca em mim, me faz mulher, me lambuza com as suas sementes, que depois eu vou sair pelo mundo distribuindo as sementes que um dia pensei serem inférteis e que hoje podem produzir graças a você.
Obs: o texto faz referência à duas músicas: “Forbbiden Love” da Madonna e “It Takes Two” da Katy Perry.
 

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