18 de jun. de 2015

Inconsistência

Postado por AnaBaú às quinta-feira, junho 18, 2015 0 comentários
O toque do outro lado é sempre imaterial;
Minha pele como vidro ou uma simples sombra,
 de nada;
Não há reflexo no espelho,
não há faces rosadas,
olhos brilhantes,
apenas uma boca seca clemente por ar;

O outro lado é apenas uma mentira,
assim como o que há aqui dentro.
Se o outro reflete o que sou,
inconsistente, fria e vazia.

Se o outro me olha,
o que vê?
Meus teatros são reais;
Basta dizer que se está bem.
e se está;
Se o outro me toca,
o que sente?
Basta um gemido para fingir que também o sinto;
Mas a verdade é que sempre sobra algo aqui,
Eu.

Sem som.
Com meus passos deslizo pelo chão;
Sem respiração;
Escondo-me ao sentir o mínimo movimento;
Uma minhoca que se esconde sob a terra;
Um rato dentro de sua toca;
Eu, menos que um simples animal.

Eu,
incapaz de criar um vínculo real;
Eu,
sempre dentro de mim;
Eu,
sem concordâncias e sentidos;
Eu,
vazia, quebrada e fria;
Eu,
novamente sozinha e escura;
Eu,
sempre esse maldito eu;
Eu,
quando haverei de existir, tu?
Eu,
até quando?
Eu?

 

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