23 de dez. de 2014

Hasta luego, mi amor.

Postado por AnaBaú às terça-feira, dezembro 23, 2014 0 comentários
Bordeaux, 23 de dezembro de 2014,

Ao amor da minha vida.

Você chegou até mim como um raio solar iluminando minha escuridão. Um sorriso de semideus eu costumava dizer. Uma doçura inigualável, gentil, criativo, brincalhão. Quando nossos olhos se encontravam faíscas poderosas saíam, nós fomos potência, eu sei.
Muitas coisas aconteceram nesse ano, passamos por discussões, distanciamentos, mas retornávamos com mais força, outras nem tanto. Eu lhe disse em algum momento que sentia que nosso distanciamento era inevitável, lembra? Você disse que eu era importante na sua vida e que você não gostaria de viver longe de mim. Então eu prometi que não lhe abandonaria, mesmo sabendo que eu iria.
Um dia após uma longa viagem você confessou que havia encontrado o amor da sua vida, mas que eu sempre seria insubstituível na sua vida, e então passei a te ver nos horários que sobravam. Os dias e as noites passaram a ser dele, hora estudando álgebra com ele, horas namorando via Skype, as minhas horas já não me pertenciam.
Até que você disse que não poderia mais suportar a distância, tornava-se violento quando ele desaparecia, precisava tê-lo o tempo todo e eu senti que não era mais tão essencial na sua vida. Em uma manhã qualquer você disse que estava se mudando para São Paulo e foi sem despedidas.
Eu sabia que você estava indo embora de mim, amor.
Eu sabia que aquela era a nossa última semana juntos.
Eu sabia que a nossa história estava com os dias contados.
Eu sabia e te avisei, lembra?
Você disse que era bobagem, coisa da minha cabeça.
O coração nunca mente, amor. Ele sabia, sempre soube.
Já faz um mês que você se foi e nossas conversar se tornaram um "Oi, tudo bem e as novidades?"
Há somente um eu e um você, nós nos dissolvemos nas nuvens enquanto você voava em direção ao seu amor.

Hasta luego, mi amor.
Adiós, ya no hay nada.

Expectativas.

Postado por AnaBaú às terça-feira, dezembro 23, 2014 0 comentários


Gostaria de dizer que te amo, mas é improvável que eu o sinta. Afinal, o que é que sinto verdadeiramente? Ausências.
Ontem nossos olhos se encontravam e sorriam,  nossos corpos estavam próximos sentindo cada relevo um do outro, a textura, o calor, a umidade, o sabor. Ontem não existiam empecilhos para que pudéssemos viver intensamente, não havia contras, não havia nada entre você e eu, mas hoje não sei dizer o que aconteceu, você não apareceu.
Hoje nossos olhos já não se encontram e meus lábios já não sorriem, nossos corpos estão distantes e frios, não há calor, não há um sinal sequer de presença. Hoje não existem razões para estarmos juntos, penso eu. Gostaria de ouvir da sua boca que já não existe um nós, apenas um você e uma eu.
Queria sentir aqui, sua lembrança viva pulsa em mim, ela não consegue ver que esse é apenas um fantasma seu. Diga-me porque já não me quer, diga onde falhei para que eu possa melhorar, diga-me porque os nossos corpos esfriaram. Eu sei que falhei, ajude-me a melhorar.
Você não sabe, mas eu costumo lutar até o último instante, para ter certeza de que se acabou não foi por volta de insistência, não foi por falta de interesse da minha parte. Só diga que não há mais espaço pra mim na sua vida e me liberte. Eu já me acostumei com as ausências, não sei porque acreditei que desta vez seria diferente.

Sobre um estado de preservação.

Postado por AnaBaú às terça-feira, dezembro 23, 2014 0 comentários
Eu tenho 20, quase vinte e um.
As vezes penso que até aqui vivi uma vida de boneca de plástico. Uma daquelas bonecas que raramente é retirada da caixa e que fica em um lugar destacado da casa para que todos vejam.
Não me lembro quantas vezes eu caí ou me machuquei, algumas vezes resvalei na estrada de chão ou no banheiro cheio de espuma, nada sério.
Nunca corri grandes riscos, nem vivi grandes emoções, sempre cultivando um estado imaculado de vida. Ano após ano, cada movimento milimetricamente planejado, cada palavra colocada com perfeição em cada sentença, a voz baixa e pausada, uma vida de papel.
Um dia cansei daquele reflexo, daquela vida e daquele eu que não me pertencia. Pintei o meu cabelo imaculadamente cuidado por todos aqueles anos, peguei uma tesoura e fiz o meu próprio corte, experimentei novos corpos, fui experimentada, li novas coisas e escrevi outras.
Apesar de todas essas mudanças, as vezes quando me olho no espelho sinto-me novamente na minha caixa. Evito andar pelas ruas e fujo dos olhares curiosos. A boneca saiu da caixa, mas seus admiradores continuam a tratá-la como se não tivesse vida.
Anos se passam, muitas coisas mudam, mas esse estranho sentimento me acompanha. Há horas em que desejo destruir qualquer vestígio de boneca que reste em mim. Há dias que quero esquecer de tudo o que fui. O que me tornarei nesse próximo ano? Será que algum dia romperei com esse estado de preservação?

19 de dez. de 2014

O Porão.

Postado por AnaBaú às sexta-feira, dezembro 19, 2014 0 comentários
- Oi. Cheguei. Estava pensando em lhe ver na quinta-feira, o que acha?
- Ótimo, estou com o dia livre.
- Combinado então. Sairei daqui bem cedinho.
- Onde nos encontramos?
- Vemos amanhã. Beijo
- Beijo.
Respirou fundo e começou a sorrir mergulhada em lembranças. Lembrou do primeiro encontro, o frio na barriga, a meia-calça rendada que rasgou, o sapatinho. Sorriu. Lembrou do segundo encontro, do hotel, das conversas, dos risos, da massinha de modelar, os incensos e as roupas de cama brancas. Sorriu, sorriu, sorriu, o rosto dela iluminava-se com qualquer vestígio de lembrança, logo os cheiros e sons tomavam-lhe a cabeça e ela ria.
Tirou todas as roupas da cama, a capa do colchão, os lençóis, as fronhas, mergulhou-os em um amaciante de rosas e deixou-os  secarem madrugada a dentro. Bateu-se a noite toda, virava-se na cama, trocava a ordem dos travesseiros, notou que o celular já marcava seis horas da manhã. Sentiu-se preguiçosa, virou-se na cama, descansou os olhos mais um tempo, até que a ansiedade tomou conta dela e resolveu levantar.
Colocou uma camisola, saiu lá fora e recolheu as roupas do varal, com os olhos inchados. Preparou café no micro-ondas e começou a organizar o quarto, colocou as roupas de cama cheirosas e macias e o quarto passou a cheirar a rosas. Olhou tudo aquilo e sorriu. Tomou seu café vagarosamente e ansiosamente, já eram nove horas e ele ainda não havia dado notícias, pensou em mandar mensagem, depois resolveu esperar.
Uma música qualquer estava tocando enquanto ela navegava na internet tentando se acalmar. Dez e quinze. Resolveu mandar uma mensagem: “Hey dear, onde você está?”. Meia hora se passou e ela não obteve resposta. Resolveu esperar. Esperou. Esperou mais. Resolveu mandar uma nova mensagem e percebeu que ela havia respondido. “Saindo daqui em meia hora”. Isso era o cedo que você disse que iria sair? Pensou. Ela levantou-se e começou a procurar algo pra vestir despreocupadamente, calculou que ele demoraria cerca de uma hora para chegar. Cinco minutos depois recebe outra mensagem “Estou aqui”. As pernas amoleceram imediatamente e o desespero, ansiedade, angustia, felicidade, tudo estava batendo naquele corpo. “Como assim chegou? Onde?”, o sinal estava péssimo e as mensagens não estavam indo. As roupas começaram a voar para todos os lados, nada era perfeito. Desistiu do penteado e foi com o cabelo solto. Ele estava no centro, ela demoraria mais meia hora para chegar até ele. Fechou a porta rapidamente e correu para o ponto de ônibus mais próximo torcendo para que tivesse algum naquele horário. Tinha, por sorte. Ficou totalmente sem sinal e o desespero bateu mais uma vez. Respirou fundo e tentou se acalmar e então voltou a sorrir, sorrir, sorrir, sentada sozinha no banco do ônibus, as vezes encontrava com o olhar de um outro alguém e se pegava sorrindo, tentava disfarçar mas o riso havia lhe tomado conta. Chegou no centro, aonde estaria ele agora? “I’m here, cadê você?”, ela estava morrendo de ansiedade, olhava em volta tentando reconhecer a silhueta dele por entre as decorações de natal da praça. Andou por todo lado, será que ele havia mudado tanto assim em um ano?
Uma nova mensagem. “Estou no café ao lado da praça”, ela apressou o passo e tentava encontra-los olhando através do vidro, entrou, não viu ninguém, até que seu sorriso encontrou outro bem ao fundo. Não conseguiu mais conter o sorriso, nem o sentimento, e transbordou amor. Os olhos brilhavam, o coração estava quente, ela estava plena. Abraçou-o longamente, apertadamente, sentiu o calor e a maciez daquele corpo aconchegar o dela. Sentiu-se segura e confortável e sorria, sorria, mirava-o nos olhos e sorria, não haviam palavras para aquele momento.
- Como você está lindo! – E sorrio novamente, acariciando-lhe o cabelo.
Ele também sorriu.
-Senta aqui do meu lado. Está com fome?
Ela sentou e pegou na mão dele.
-Não, estou bem.
- Vamos pra outro lugar então?
- Vamos.
Ela aguardou-o enquanto pagava a conta. E depois saíram andando de mãos dadas pela cidade. As pessoas pareciam estranham aquelas duas figuras andando de mãos dadas. Eles sorriam e brincavam sem se importar.
- Você mora longe daqui?
- Do outro lado da cidade.
- Vamos pra lá? Eu estou de carro.
- Vamos.
Ele ligeiramente abriu a porta do carro para que ela entrasse e ambos sorriram. Olhavam-se o tempo todo, contemplavam um ao outro sem palavras. Na metade do caminho resolveram passar no mercado e comprar algo para comer, a fome havia aparecido. Comprar um litro de cachaça e alguns salgados. No caminho ele comentou como a moça da padaria era linda, ela concordou.
Chegaram em casa e o sol estava muito quente. Sentaram no sofá, comeram os salgados que haviam comprado e continuaram se olhando.
- Depois que terminarmos de comer podemos ir sentar lá no porão, é mais fresco.
Ele concordou. Pegaram a cachaça e os copos, o maior para ele e o menor para ela. Carregaram as cadeiras de praia e foram para o porão. Sentaram um em frente ao outro. Fecharam os olhos e sentiram o vento soprando, os passarinhos cantando e novamente sorriram.
- Vamos beber? Me dá seu copo. – Disse ele.
- Só um pouco hein? Você sabe que sou fraca para bebida – Disse, estendendo o copo até ele.
Ele serviu os dois, menos de meio copo cada um. Sorriram.
- Ao que vamos brindar?
- Não sei.
- Vamos fazer uma brincadeira emocional?
- Ah, não sei se estou preparada para uma coisa dessas.
- O que você gostaria de agradecer nesse ano?
- A sua presença. – Olhou-o nos olhos e sentiu-se agradecida.
- Isso não vale. O que mais?
- Claro que vale, queria agradecer também às minhas conquistas, todas elas. E você?
- Queria agradecer a oportunidade de estar aqui hoje, à todas as oportunidades que tive durante o ano, de crescimento em todos os sentidos.
Brindaram e beberam.
- O que você gostaria de deixar nesse ano?
- As minhas limitações, aquelas que eu mesma coloco em mim, os meus medos. E você?
- As minhas perturbações, não que eu queira que elas desapareçam, mas gostaria que elas não afetassem tanto a minha vida.
Brindaram novamente e beberam.
- E o que você quer para o próximo ano?
- Ser ainda mais livre, ter coragem e força para realizar todas as coisas que tenho pra fazer com a qualidade que eu prezo, e um trabalho se for possível. E você?
- Peço saúde para todos nós, que a minha família consiga viver em harmonia, e que as pessoas encontrem aquilo que necessitam.
Brindaram e beberam. Ficaram em silêncio por um tempo, ouvindo os passarinhos e pensando nos pedidos que haviam sido feitos. Depois começaram a falar sobre a vida desde o dia em que haviam se visto pela  última vez, a faculdade, a vida, os sonhos pro futuro. Lembraram de todos os momentos bons que passaram juntos, celebraram aquele momento e agradeceram a oportunidade de estarem juntos novamente, se olhavam, sorriam e ficavam em silêncio. As palavras perdiam o sentido diante dos dois.
Quando se deram conta a noite já estava chegando, falaram sobre o pôr-do-sol, sobre as plantas que haviam em volta do porão, sobre aquilo que eles amavam, sobre os ancestrais, sobre a terra, sobre eles. A hora de ir se aproximou sem aviso, veio repentina e roubou-lhe metade do dia. Não sorria mais. Calou-se. Ele sentiu o sofrimento nos olhos dela. Abraçou-a longamente tentando confortá-la.
- Não fique assim, pequena. Nos veremos em breve, voltarei antes do que você imagina.
Ela suspirou fundo, com pesar. Queria que ele ficasse pra sempre.
- Tudo bem – E abraçou-o com força.
Não chorou e tratou de segurar seu coração quieto no peito. Mas a voz não saiu mais, nem o sorriso. Contemplou-o o tempo que pode para imortaliza-lo na memória. Pediu uma foto. Tirou duas. Ela precisava olhar para elas e sentir que tudo havia sido real. Abraçou-o, não queria que ele entrasse no carro. Suspirou sentindo seus ossos contra o peito dele. Queria ficar assim pra sempre. Ele precisava ir.
- Amo você.
- Eu também amo você, menina. Até breve.
O carro se afastou lentamente. O coração ficou quieto, a respiração tornou-se superficial. O amor ainda inundava-a e ela permaneceu em silêncio. Entrou e fechou a porta e permaneceu assim até o dia seguinte.
Sentiu que o porão a chamava e no final da tarde foi até ele. Quando sentou-se, em seguida sentiu que ele havia ido, mas deixara algo dele lá. Deixou de se sentir só e sabia que para encontra-lo bastava ir até o porão e sorrir.


15 de dez. de 2014

Postado por AnaBaú às segunda-feira, dezembro 15, 2014 0 comentários
“Nós ensinamos as meninas a se retraírem para diminuí-las. Nós dizemos para as garotas: você pode ter ambição, mas não muita. Você deve ser bem sucedida, mas não muito. Caso contrário, ameaçará o homem. Porque eu sou uma fêmea, esperam que eu deseje me casar, esperam que eu faça as minhas próprias escolhas na vida sempre tendo em mente que o casamento é o mais importante.
O casamento pode ser uma fonte de alegria, amor e apoio mútuo, mas por que ensinamos às garotas a aspirar o casamento e não ensinamos a mesma coisa aos meninos? Educamos as garotas a se verem como concorrentes, não por emprego ou por realizações - o que eu penso que pode ser uma coisa boa -, mas sim pela atenção dos homens. Nós ensinamos as garotas que não podem ser seres sexuais da mesma forma que os garotos são.
Feminista: a pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos.” 
Chimamanda-ngozi-adiche

14 de dez. de 2014

Madrugada.

Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014 0 comentários
Madrugada.
 As ruas vazias, a luz dos postes, o nevoeiro. Eu não sei qual deles quero ser.
Silêncio.
Os olhos estão vazios como as ruas, não há mais luz, nem dia, apenas nevoeiros e madrugadas.
Temor.
O que temo eu nesta história toda?
Não se pode temer a ausência quando se está preenchida por ela. O que temo é a presença.
Temo olhar para o lado e encontrar outro olhar. Temo a ideia de que haja uma mão sobre a minha.
Mas temo ainda mais a ideia de não poder ir embora.
Partir. Talvez esse seja o real sentido por trás da existência.
Hoje estou nessa rua vazia, amanhã sou apenas lembrança. Não há espaço para grandes malas, ou emoções, ou lembranças, ou cartões postais.
Mas há um coração que ama, ama e deixa, por temer a união. Amar é um momento de contemplação.
Quando você toca o que ama ele se desfaz.
Diga-me, afinal,
Porque desejas tanto segurar minha mão?
Eu não tenho nada a oferecer, a menos que você espere um elogio. Tens uma mão delicada, com linhas suaves ou então mãos grandes e ásperas, que lhe pertencem.
Nada do que é seu me pertence, nada do que é meu lhe pertence. Não me dê algo que não peço,
Mas não me diga que não posso recusar algo que não conheço.
Se queres me dar algo, dê-me fé. Plante uma esperança perto de mim.Para que eu possa partir sabendo que ficaste acompanhado.
Não me ofereças seus lábios, muito menos seu coração.
Como poderia eu partir em paz carregando algo seu comigo?
Se desejar me beije, mas saiba que este pode ser o beijo da traição. Sua princesa pode se transformar numa bruxa má.
Entenda que não falo de sentimentos. Entenda que não espero nada de você. 
Eu só quero partir, ser parte desse nevoeiro que me tranquiliza. Ser algo que se desintegra e volta ao estado natural.
Não posso lhe dar o que espera de mim. Sem ao menos saber o que posso oferecer.
Passe por mim e não me veja. Passe por mim e pense que lembranças desaparecem.
Eu nunca pedi pra você me amar. Você que não entendeu.
E agora eu parti. Não sinto nada.

Adeus.
Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014 0 comentários
Hoje eu resolvi deixar a porta fechada. Você vai passar e pensar que não há ninguém em casa.
Tudo o que se houve aqui dentro é o barulho da torneira pingando, da água escorrendo e alagando o chão. O vento que faz as janelas tremerem. Mas não nenhum sinal de vida meu aqui.
Você vai bater palmas, abrir o portão, espiar pela janela e não vai ver que continuo aqui. Você pode até chamar meu nome, mas eu não irei responder. Eu vou ficar em silêncio até não ouvir mais os seus passos.
Quem sabe você vá se perguntar  “O que eu fiz de errado?”, mas isso não diz respeito à estar certo ou errado, meu amor. Isso diz respeito à minha incapacidade de deixar alguém me amar, essa incapacidade de ter alguém ao meu lado pra dizer “me sinto fraca” ou então pra fazer dengo de manhã só pra receber café na cama.
Você não sabe, mas eu tenho medo de acordar um dia e não saber mais quem eu sou. Eu sei ... Eu sei ... podemos ser melhores juntos, mas e eu? Como fico nessa história? E se um dia tudo isso acabar e você me levar de mim?

Suspiro aliviada quando olho pra porta e percebo que ela ainda está fechada. É melhor assim. Você vai encontrar alguém melhor pra você, talvez ali na esquina, talvez a moça que irá lhe pedir informação. Continue andando meu amor, a porta não se abrirá e a água continuará pingando aqui dentro.
Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014 0 comentários
Chove outra vez. O interior é inundado por uma mistura de saudade, amor e tesão.
A chuva escorre procurando por você, pelas ruas e córregos vai correndo, como se chamasse o seu nome.
Eu me perfumei como a primavera para esperar você, mas você nunca vem. As minhas flores murcham e caem e você nunca aparece para juntá-las. Elas morrem e renascem para um você que nunca vê.
Só os seus lábios sabem despertar as minhas cores e o meu sabor. Poliniza meu interior e produz o mais saboroso e raro mel. Mas se você não vem, o que faço com tudo o que fica guardado aqui?
Chove outra noite. O aroma de poeira cobre as ruas, mas você não deixou pegadas. Hoje o vento soprou-me que talvez alguém esteja ao seu lado, florescendo para você. Talvez seus olhos verdes tenham encontrado outras esmeraldas em meio às flores e você já nem precise de mel. Do meu mel.

É madrugada e já passaram das três. A casa está em silêncio e vejo fantasmas através do vidro da porta. Eles também sabem que você não virá. 

Non, Je Ne Regrette Rien.

Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014 0 comentários
Alguém dentro de mim chora. Não há palavras, nem pensamentos ... as lágrimas escorrem como cascatas e os olhos estão tristes.
O que ontem era beijo, abraço e cafuné, hoje é tapa, mordaça e mordida.
O que ontem era uma pintura rejuvenescedora, hoje é um quadro desgastado que foi retirado da parede.
O que ontem era calor e aconchego, hoje é frio e distante.
O fogo que ontem aquecia e nutria, hoje incendiou todas as possibilidades de voltar para casa.
Não há mais caminhos, nem vias de retorno. O que ecoa em sua cabeça é o seu lema : Nunca retornar.
Eu ando para frente, sempre para frente, por mais que muitos pedaços tenham ficado para trás e as lágrimas que insistem em cair.
Ontem eu era eu. Hoje sou mais eu do que nunca.  Hoje eu já nem sei quem eu era, quando eu estou sendo um eu que não era ontem.

Non, Je Ne Regrette Rien, e continuo andando.
Postado por AnaBaú às domingo, dezembro 14, 2014 0 comentários

Ela é uma pirâmide
Mas com ele, ela é apenas um grão de areia


Ela era um furacão
Mas agora ela é apenas uma rajada de vento
Ela costumava içar as velas de milhares de navios
 , era uma força com que se podia contar
Ela poderia ser uma Estátua da Liberdade, ela poderia ser uma Joana d'Arc
Mas ele tem medo da luz que está dentro dela, 
então, ele a mantem no escuro


Ela costumava ser uma pérola,
Sim, ela costumava dominar o mundo
Não posso acreditar que ela se tornou uma concha de si mesma
Porque ela costumava ser uma pérola
 ...Ela é imparável
 ... Movia rapidamente como uma avalanche
Mas agora ela está presa no fundo de cimento.

Você sabe que há uma saída?
Você não tem de ser pressionada

Porque eu costumava ser um concha
Sim, eu deixava ele dominar o meu mundo, meu mundo
Mas acordei e cresci forte e eu ainda posso continuar
E ninguém pode tomar minha pérola
Você não precisa ser uma concha. Você é a única que pode dominar seu mundo
E você vai aprender que você ainda pode seguir em frente, 
e você sempre será uma pérola.
Ela é incontrolável.

(KATY PERRY - PEARL)



 

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