E o pior nessa história é que eu ainda te amo ... e isso dói, está me corroendo tão profundamente e machuca ainda mais quando tento negar, fingir que eu não me importo com a sua ausência.
Não sei porque você é a pessoa que me mantém viva, que renova as minhas células de esperança e me enche de amor, por mais que não seja o amor que espero.
Basta você me olhar e o chão abaixo de mim desaparece, mas não tenho mais treze anos e os príncipes já desapareceram junto com seus cavalos brancos. E toda vez que você some, leva consigo o meu chão, a minha paz e tudo o que eu preciso aprender é respirar sem você para que eu possa aguentar o dia em que você me deixar.
Não sei se isso precisa acontecer logo, mas ainda te amo e dói, dói cada vez que preciso de um abraço e você não está ao meu lado, preciso de mim, mas além disso, preciso de você aqui perto a me cuidar.

“Pode-se amar alguém quando se odeia a si mesmo? Pode-se viver em bom entendimento com os outros quando não se está de acordo com o próprio coração? Pode-se oferecer algo de bom para a sociedade quando se está aborrecido e fatigado com  a própria existência? [...] De que servirá a beleza, o presente mais precioso que os Imortais podem dar aos homens, se quem a possui não gosta de si mesmo? Quais serão as vantagens da juventude, se é infectada pelo negro veneno da melancolia?

Ora, o que é a vida? É uma espécie de comédia contínua em que os homens, disfarçados de mil maneiras diferentes, aparecem em cena, desempenham seus papéis, até que o diretor, depois de tê-los feito mudar de disfarce e aparecer ora sob a púrpura soberba dos reis, ora sob os andrajos repulsivos da escravidão e da miséria, força-os finalmente a sair do palco. Em verdade, este mundo não é senão uma sombra passageira, mas assim é a comédia que nele representamos todos os dias.”

Elogio à Loucura - Erasmus. 

Algo sobre nós dois, alguém poderia dizer?
Estamos nos afastando lentamente, um dentro do outro, um e outro, não há mais nós nessa história.
Busco algo que fale sobre nós, que me diga que fomos reais, mas um conto de fadas nunca regressa, não sei se é tarde demais para tentar recuperar.
Amanhã é um novo dia e o sol irá brilhar, haverá uma chance de te encontrar?
Você dirá algo sobre nós?
Você sentiu dor quando me abandonou?

É impossível não sorrir com os olhos, com o coração e com o corpo todo.
Você aceita frutas multicoloridas? Isso me lembra Alice.
Tudo o que ganhei foi uma bebida cheia de noites estreladas e sorrisos que aqueceram meu coração nessa noite fria, e agora me faz dançar, girar, voar.
Love, love, love, canta a canção ao fundo e eu só quero viver e esperar.

Sinto falta dos seus passos, de quando vinha arrumar o cobertor sobre mim ou ver se eu estava dormindo já. Aquele 'durma bem" sussurrado, o beijo leve na bochecha, as estrelas cintilando pela janela.
O corpo quente, as meias pisando levemente no chão, o leite encima da mesa, a luz do sol, o novo dia, ninguém em casa, porta trancada, esperança que algo toque, chame ou apareça.
Não há mais cheirinho de café cedo, não há momento para sentar na mesa, não há mais risos, nem abraços, sequer olhares aparecem através dos espelhos. O fora está desaparecendo e só há restando o dentro. O dentro está se afogando, tentando sair.
A neve cobriu todos os passos que levam para casa, o sol já não aquece o coração e ninguém irá se importar se você estiver com frio, com fome, com medo. Agora só existe o dentro, e você ainda sonha com o cheirinho de café que não está em lugar nenhum.

Se puder apareça mais tarde quero te abraçar. Olhar seus olhos e contar histórias de estrelas. Ouvir você rindo é melhor do que as sinfonias de Beethoven, e sentir você é melhor do que um sonho.
Minhas tardes junto a ti são conforto, alento, projetos para o futuro, desejo de viver.
Então se puder, apareça mais tarde, quero te abraçar, olhar nos seus olhos e ver que viver ainda é possível.