29 de mar. de 2014

Postado por AnaBaú às sábado, março 29, 2014 0 comentários
Você faz meu corpo pegar fogo, acende até as chamas mais profundas que estavam a tempos cobertos de gelo.
O encontro da chama com gelo transforma-se em cascatas e vapor que umedece meu corpo todo, querendo que o seu corpo me guie pelas estradas sinuosas que levam ao inferno.
Você me faz desejar a maçã do paraíso. Você faz com que eu queria renunciar o paraíso para seguir você.
Teus olhos me dominam como ninguém mais. Apenas sussurre meu nome que eu irei até você.
Doce submissão, meus pensamentos se confundem. Ao mesmo tempo que quero resistir, olho diretamente em seus olhos, e a sua boca me dá sede, a qual só cessa com você.
Você não entende que me faz entrar em contradição?
Como poderia eu estar submissa aos seus comandos, se quem deveria comandar sou eu?
Quem sabe você foi feito para governar ao meu lado, eu a Imperatriz e você o Imperador.
Diga que você deseja construir um Mundo comigo, e juntos iremos governar a Roda da Fortuna, fazendo com que ela traga bonança para as nossas colheitas.
Deixe que o Ceifador venha acabar tudo o que esteja Pendurado, afim de que a Estrela se faça presente no céu e o Julgamento aconteça.
O Mago nos avisará que algo está se iniciando ao fim. O Eremita iluminará nosso caminho a fim de que saibamos para o nosso carro será guiado, para que enfim possamos voar em direção ao Sol.
Governe comigo, ao meu lado. Eu serei a Papisa que revela os segredos ocultos dos seus olhos, até o Papa merece despir suas vestes em algum momento do caminho. A chama da Força continuará brilhando em nosso interior, e não mais precisaremos de Temperança e nem de Justiça, pois o nosso próprio fogo nos levará além.
Permita-me desvelar os segredos do mundo pra você. Permita desvelar os segredos que trago debaixo dos meus véus. Permita-me provar teus lábios sem padecer. Permita-me te amar, sem morrer.

27 de mar. de 2014

Dedos

Postado por AnaBaú às quinta-feira, março 27, 2014 0 comentários
Os teus dedos.
Sinto as tuas linhas deslizando nas minhas, ásperas mãos.
Pergunto-te, seriam tuas mãos redondas ou quadradas?
Mãos sensíveis ou práticas?
Tu simplesmente roças teus indicadores na minha palma, ou seria na minha alma?
Deleito-me silenciosamente, imaginando a ponta dos teus dedos percorrendo as minhas costas, te olho e você sorri.
Me desarmo. Roço a ponta dos meus dedos por toda a sua mão, arranho-te, desejo te sentir em toda extensão e textura, e quem sabe em toda sua ternura e sensibilidade.
Ai menino! Quem diria que um dia já fomos amantes? Ou será que ainda somos dois, sem nome? Já não o tenho, mas o toque dos seus dedos contra os meus me acalma.
Agita os meus sentidos, e me enche de ternura só com o olhar.
Acalma os meus sentidos, com a forma como segura a minha mão.
Sinto como se pudesse percorrer o mundo sem medo, porque levo você comigo.
Percorro as tuas linhas, querendo desenhá-las contigo.
Tu percorre as minhas linhas, querendo saber por onde estive.
E assim o tempo passa, nos olhamos, sorrimos, e deixamos que os nossos dedos se encontrem, se descubram, se afastem, se escondam, se sintam.
Assim como fizemos um dia, enquanto o calor do sol ainda brilhava dentro e nós, e tudo o que nós precisávamos para viver, era sorrir.
Te sinto como uma linha viva que cresce e se ramifica em mim.
Te percorro com a certeza que encontrarei a mim mesma no meio do percurso.
Te deixo livre para que percorra os caminhos atrás de sua essência, mesmo que esses caminhos te afastem de mim.

24 de mar. de 2014

Postado por AnaBaú às segunda-feira, março 24, 2014 0 comentários
Penso que em alguma das minhas vidas, eu já tive asas. Ou quem sabe, ter asas seja o meu estado natural.
Por um instante fecho os olhos e contemplo a pureza que existe em mim, e acredito que ela exista em você também.
Eu creio que a água possa me purificar diariamente, assim como a terra me guia diariamente, assim como o ar me permite respirar, e o fogo me permite transmutar o que sinto em palavras.
As vezes eu sinto que o lugar onde estou e o lugar que estive antes, é separado por tecido tênue, mas sólido o suficiente para senti-lo com a ponta dos dedos.
Estaria alguém sobrando essas palavras aos meus ouvidos agora? Ou será que eu tenho asas do outro lado?
As vezes eu fecho os olhos e sinto o vento soprando no meu rosto, eu sinto que um dia estive livre pelo céu, mas acredito que agora é hora de aprender a andar.


4 de mar. de 2014

Postado por AnaBaú às terça-feira, março 04, 2014 1 comentários
Desde a nossa última conversa meus mares internos cessaram. Fazia muito tempo em que não tinha a oportunidade de pensar com os mares calmos, e sinto que há muito a fazer ainda.
Os mares novamente voltaram a se agitar, as ondas batem contra meu peito e me impedem de respirar, mas agirei antes que morra afogada em meu próprio mar.
Disseste que por mais que o mar esteja em fúria, o barco jamais se mistura com a água e que assim eu deveria ser. Por mais que as ondas queiram me arrastar para outro lugar, me manterei firme seguindo viagem em direção ao meu destino.
As noites serão mais escuras do que estou acostumada, as ondas serão mais fortes do que meu barco, porém seguirei firme, pensando no meu destino. Alguém disse certa vez que quando a noite se vê mais escura é porque já vai sair o sol, então estou indo em busca da noite escura da alma.
Minha última tentativa de ser luz. Minha última tentativa de acender o farol interior. O único capaz de dissipar toda essa névoa que bloqueia meus olhos e me impede ver o que está diante de mim. E sei que desta vez, por mais que pareça que não, você segue comigo nesta viagem. Acolhendo meu corpo cansado, e preparando água quente para os pés. Acalentando meu coração ferido, muitas vezes já sem esperança. Você então pega-me e cuida delicadamente das minhas feridas e depois me deixa seguir viagem, sabendo que haverá um retorno.
Pensar com os mares internos calmos é uma grande oportunidade, mas o melhor da viagem é saber que há com quem compartilhar as dores da partida, os desafios cotidianos, e as noites escuras sem estrelas. Saber que ao final haverá alguém te esperando na praia, sorrindo e dizendo que sabia que você iria conseguir.
Você é quem me dá coragem para seguir essa dura viagem, uma saga interna em busca de mim, e da minha libertação. Você possibilita que eu nasça de novo e torna minhas asas fortes. E eu só posso agradecer por ter alguém assim comigo. Gratidão é tudo o que eu sinto e sou.
Postado por AnaBaú às terça-feira, março 04, 2014 0 comentários
Talvez eu tenha descoberto o que causa o meu cansaço.
Ultimamente os dias têm estado pesados demais, lentos, e eu sem energia até para respirar. Parece que estou arrastando algo mais pesado do que eu possa suportar.
Todo esse peso que carrego dentro de mim avisa o meu corpo que eu já não posso mais suportar, basta apenas mais um único acontecimento para que meu corpo desmorone de vez. É peso demais, carregado por tempo demais.
Ah, o cansaço. A respiração se torna difícil, andar se torna difícil, pensar, dormir, comer, sonhar, querer que as coisas se tornem diferentes. Parece que quando mais corro, mais peso recai sobre as minhas articulações. Eu preciso de alguém prepare água para os meus pés, e me dê aconchego por uma noite. Um local para um corpo cansado descansar de suas dores.
Ainda há um caminho a percorrer, eu sei. Só espero que um dia alguém se aproxime e me ajude a carregar este fardo, ou então, me ensine como jogá-lo fora.
Não nasci para ser como Atlas, me recuso acreditar que há uma maldição que me condena a carregar o mundo nas costas. Eu nasci para ser passarinho, e passarinho nasceu para voar.
 

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