18 de nov. de 2013

Pra você que precisa esquecer.

Postado por AnaBaú às segunda-feira, novembro 18, 2013 0 comentários
Eu nunca tive pés maiores que andassem ao lado dos meus. Nem mãos fortes que segurassem as minhas.
Fui andando sozinha, achando que todo caminho era assim.
Vi as crianças no parque, com mãos grandes as guiando, com pés grandes as acompanhando, e eu continuava só.
Sem dias dos Pais, sem surpresas, sem colo, sem abraço forte. Sem alguém para correr quando eu estava com medo. Sem alguém pra dizer que tudo iria ficar bem. Sempre eu, e a mim mesma.
Sem alguém pra brigar comigo, sem alguém pra me ensinar o caminho. Eu achei que estava só.
E quando achei que estava para sempre só, você apareceu.
Mas as mãos grandes não me guiaram, os pés grandes não me acompanharam, e mesmo você estando ali, eu continuava só.
Carregando a menina pequena no coração, que ainda deseja usar um vestido rodado e correr te encontrar.
Você poderia me dizer que sou sua princesinha, e que você me ama. Você poderia?
Você poderia me colocar entre os seus braços, e me dizer que nunca ninguém iria me machucar.
Você poderia me ensinar a andar de bicicleta. E eu assim saberia que o mundo era maior do que eu imaginava.
Você poderia, mas aonde está você? Apareceu apenas para me dizer que existia, e novamente sumiu.
Como um fantasma no espelho. Como uma lembrança numa noite fria de inverno. Como aquilo que aquece o coração e depois vai embora.
Eu poderia viver sem sentir falta de você? Poderia?

Postado por AnaBaú às segunda-feira, novembro 18, 2013 0 comentários
Queria ficar escondida no meu canto, no escuro. Criar muros para me proteger.
Menina, é assim que me sinto. Pequenina, precisando de um abraço.
Vestido rosa, rodando, rodando, num parque.
Eu poderia ser uma princesa, poderia ir até a lua, poderia ser pra sempre sua.
Rodando, rodando, rodando.
Sonhando, sonhando, sonhando.
O cavalo levou o príncipe.
A lua e eu estamos tão longe e tão só.
Só, é tudo o que restou.
Estou só.
Sem boneca.
Sem vestido.
Sem cavalo, e
sem abraço.
Ainda menina.
Postado por AnaBaú às segunda-feira, novembro 18, 2013 0 comentários
Foi embora sem me dar um beijo e agora cá estou eu sonhando com seus lábios cor de amora. Teriam eles gosto de amora madura, que lambuza e mancha de cor? Ou seria um gosto apático que espera alguém lhe ajude a amadurecer?
Queria eu ser beija-flor, e nos seus lábios me molhar. Olhos fechados e nossas respirações. Sem mais palavras, apenas gosto de fruta e de flor.
Queria eu tatear com a ponta dos dedos a tua face, descobrindo-te as folhas, os relevos, o teu som. Sentir a ponta dos teus dedos, tateando minha face, descobrindo as minhas folhas, o meu tom.
Seríamos então música e fruta, que lambuza e faz dançar. Seríamos doce, travessura. Seríamos tanto. Seríamos você e eu.
Seríamos... se você não tivesse ido embora, me deixado sozinha, sem cheiro de fruta, sem gosto de flor. Assim, menina, fora do tom.
Um som baixinho, quietinho, no fundo do peito, aqui sem você.

10 de nov. de 2013

Postado por AnaBaú às domingo, novembro 10, 2013 0 comentários
Eu sei quem você é. Eu sei de que matéria você é feita. Eu sei dos seus conflitos, do seu choro, do seu sorriso. Eu sei da sua beleza e sei do seu medo. Entenda: eu também sou você.
No meio de todos as outras, você apenas uma. Olhos tristes e um lindo vestido rendado sem cor. Tentei encontrar outra, mas teus olhos encontraram os meus, como que implorando para que não te deixasse. 
Em troca, você me deu um sorriso e a chave que abre todas as portas que eu tiver coragem de buscar. 
Somos feitas da mesma substância, cheias de sonhos e com um mundo inteiro de possibilidades. 
Os olhos se tornaram confidentes, quando encontro os teus, logo você vai dizendo: Lembra da sua voz interna? Aquela que você não pode calar nunca?
Ela tem uma tarefa: a de te tornar cada vez mais forte.
Acredite: eu sei quem você é. E por isso mesmo, acredito em você. E lhe digo: você consegue sim. Ache a sua paz. Você a merece. E deixe que o seu sorriso visite sempre os seus lábios.
Você é linda exatamente como é. E não há nada de errado com você. Eu estou do seu lado. E sou um pouco você.
E juntas, mesmo que você esteja aí e eu aqui, conseguiremos sim, conquistar o mundo.

2 de nov. de 2013

Postado por AnaBaú às sábado, novembro 02, 2013 0 comentários
Eu rezo para que um dia, caso eu perca a memória, meus pés ainda possam me trazer de volta para casa.
Que meu corpo não esqueça da dança sagrada, e que eu ainda possa cantar para a Grande Mãe.
Que eu não esqueça do chamado que vem da terra, e que através do vento, os segredos podem ser ouvidos.
Que o fogo que habita em meus olhos, não seja apagado como as minhas lembranças. E que eu ainda seja purificada com a água que corre livre pelos rios.
Eu rezo para que a Deusa que vive em mim nunca me abandone.
Eu rezo para que eu nunca abandone a Deusa que vive em mim.
Que eu ainda possa andar com quatro patas e uivar para a lua.
Que as ervas do meu jardim não sejam abandonadas.
E que as minhas pedras ainda toquem o meu interior.
Eu rezo para que, se caso um dia eu perca a memória, aquilo que me manteve viva por tanto tempo, continue a me guiar.

1 de nov. de 2013

Postado por AnaBaú às sexta-feira, novembro 01, 2013 0 comentários
"Tenho me sentido constantemente duas. Uma em mim, a antiga, continua imersa nas ilusões de minha história pessoal e tende a reagir como sempre. Mas eis que existe essa outra, que caminha pela vida como faria um recém nascido tentando entender o mundo em que vivemos. E essa outra é assustadora às vezes, vê e sente tudo diferente, se importa menos com coisas que parecem importar muito aos outros, se importa mais com coisas que o mundo parece nem perceber. Essa outra pega a primeira no colo e sente tanto, tanto amor... E nesse colo cheio de uma mansidão silenciosa, derretem-se as crenças, as lembranças, os desejos. Só resta uma presença sem nome e sem forma. Calam-se as palavras e tudo se torna esse silêncio pleno de significado. E nesse abraço cabe não só a outra de mim, mas também todos os outros... As pessoas, os animais, os rios, as florestas. Somos um."
por Patricia Gebrim
 

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