10 de fev. de 2015

O primeiro passo.

Postado por AnaBaú às terça-feira, fevereiro 10, 2015 0 comentários

A história só começa quando você sai de casa, haveria outra maneira de você saber quais são as suas habilidades? Há outras habilidades, porém, que você precisa descobrir, o que você deve mostrar ao mundo e o que deve ocultar?
Lembre-se da sua mãe, sempre doce e criativa, fazia magia usando apenas alguns alimentos encontrados na cozinha. Lembre-se do seu pai, forte e justo, as vezes o coração deve ser deixado de lado para que decisões possam ser tomadas. Lembre-se também que o equilibrio é estar entre os dois, mantendo-se um.
Não seja tolo e ouça o que mais velhos tem a dizer, eles percorrem este caminho à mais tempo que você. Mas não esqueça que a escolha é sempre sua.
O que fazer quando seu coração aponta para um lado e sua mente para outro?
A verdade será o guia do seu caminho, mas haverão dias que ela não será suficiente. Não exite em buscar dentro de si as respostas, permita-se andar mais devagar.
O destino muda o tempo todo, haverão momentos de bonança e momentos de aperto, permita-se ver a vida de um outro ângulo, deixe morrer aquilo que impede a sua caminhada.
Lembre-se dos seus pais e do que eles representam, mas não se prendam a quem eles foram e a quem eles desejam que você seja.
Talvez isso cause uma confusão na sua mente e você se sinta expulso do paraíso, mantenha a calma, retire suas vestes e cuide de suas feridas, não tenha medo de quem você é.
Mesmo bagunçado olhe para dentro, lembre da sua infância, da sua pureza e de tudo aquilo que você carrega no coração. Perdoe-se por aquilo que não pôde mudar e pelos erros que cometeu, é hora de viajar de novo.

8 de fev. de 2015

Sobre um amor que termina à meia noite.

Postado por AnaBaú às domingo, fevereiro 08, 2015 0 comentários
Ela encarava seus próprios olhos no espelho e ensaiava uma cara feliz. Segundos depois desistia e se jogava no sofá. A porta continuava trancada e a casa permanecia silenciosa e escura. Lá fora chovia e fazia frio e lá dentro ela suspirava, suspirava e suspirava, sentia-se sem vontade de viver e mal conseguia manter os olhos abertos.
Resolveu ligar o computador para ver se conseguia se animar, entrou em um chat de encontros, conversou com vários rapazes mas não sentiu interesse por nenhum, ela sentia-se feia mas não queria se arrumar, muito menos cogitava a ideia de abrir a porta.
Horas se passaram e ela continuava conversando e quando olhou o relógio viu o quanto ela havia desperdiçado de sua vida. Quando definitivamente resolveu sair já eram nove da noite. Encontrou um rapaz, viram-se pela webcam e marcaram um ponto de encontro.
Olhou-se no espelho, fingiu uma cara simpática, tentou encontrar uma roupa sexy que não a fizesse sentir frio. Optou por um vestido de manga longa e cortes irregulares, olhou para as pernas não depiladas à mostra, quis colocar uma meia calça, mas pensou que de qualquer maneira elas seriam retiradas mais tarde. Pintou um sorriso vermelho em sua cara, calçou suas sapatilhas e saiu, ela não sabia quem estaria esperando por ela, mas também não faria a menor diferença, ela não estava com vontade de nada;
Se aproximou do carro bordô, sorriu e recebeu um sorriso de volta. Entrou no carro, encontrou-o de bermuda e regata e perguntou sobre o frio. Ele riu, não acreditara que ela havia falado sério sobre estar com frio. Perguntou-lhe onde queria ir, e ela indicou um motel que ficava próximo.
Conversaram um pouco sobre quem eram, ele não abriu a porta do carro para ela, mas deixou que ela subisse as escadas primeiro e abriu a porta para ela entrar.
O quarto 10. Pra ela a lembrança de uma  outra noite memorável.
Ele trancou a porta e tirou os óculos e então ela o beijou. Em seguida empurrou-o para a cama e tirou sua camisa, perguntou do que ele gostava e riu quando ele disse que gostava de tudo.
- Tudo é muita coisa, disse ela.
Ele riu.
- Pra fazer tudo precisaríamos quatro, cinco, seis encontros, continuou ela.
- Hey, essa frase é minha - disse ele, rindo.
Beijaram-se, acariciaram-se, morderam-se, riram e tomaram banho juntos. Ele não comentou sobre suas pernas não depiladas, ele sequer se importava com isso. Ele também não se importou com as estrias espalhadas pela barriga dela e nem com as celulites. Amaram-se até a meia-noite, que é quando o conto se desfaz e a princesa volta para casa. Ela deixou os sapatos de cristais com ele para que ele volte. Ela acordou na manhã seguinte com o gosto dele no coração, ela sorriu ao se olhar no espelho.
As vezes amores aparecem e terminam à meia-noite, mas seus efeitos duram pra sempre.

4 de fev. de 2015

A milésima carta de amor.

Postado por AnaBaú às quarta-feira, fevereiro 04, 2015 0 comentários
Nunca escondi o amor que sinto por você, mas quando eu falava você sempre olhava na direção oposta.
Um dia você me olhou e disse que estava confundindo as coisas, que o amor que você poderia me ofertar era diferente do amor que eu esperava receber. Eu só esperava amor, sem títulos. Você não quis entender.
Mil cartas, mil tentativas de entregar esse amor de volta pra você. Esse amor é tão forte, tão real e ao mesmo tempo tão vazio. Que amor é esse que me aprisiona? Pesa no meu peito impedindo que eu caminhe pra longe de você.
Eu não sei, mas as veze sinto que deveria ir embora. Esquecer você e todo esse amor em um lixeiro longe de casa, para que você não pudesse encontrar o caminho de volta.
Não terminarei de escrever sobre você, porque cada palavra consome tudo o que sinto e aumenta aquilo que continua aqui.

3 de fev. de 2015

Sobre escolhas e cegueira.

Postado por AnaBaú às terça-feira, fevereiro 03, 2015 0 comentários

Existia há muitos anos atrás uma antiga tradição mágica que ao contrário das demais ficava localizada no centro da cidade. As pessoas que passavam em frente à sede ficavam ofuscadas com a magnificência da mesma, e aos poucos viajantes de todos os lugares do mundo desejavam morar lá.
Apenas um portão separava o mundo real do mundo mágico e o único capaz de decidir quem entraria ali era o mestre. O que ninguém sabia é que logo após o portão dormiam dois dragões e que para acessar o grande salão era necessário passar por eles. Os que estavam fora nunca saberiam disso pois, ao tentarem espiar pelo portão viam do outro lado tudo o que eles mais desejavam, a miragem criava exatamente o que estava guardado no coração de quem olhava.
O mestre escolhia à dedo quem teria acesso imediato ao salão e quem deveria passar pelos dragões. Então todos os sábados os portões eram abertos e os corajosos tinham acesso ao mundo mágico. Mal sabiam eles que nunca mais retornariam, uns porque ficavam completamente cegos com o que encontravam no salão, outros porque eram devorados pelos dragões.
- Sacrifícios são necessários - dizia o mestre e sorria.
Ano após ano, pessoas acreditaram que ao atravessarem os portões encontrariam tudo aquilo que desejaram, largaram família, emprego, casa, sonhos, pertences e arriscaram entrar no jardim, quando percebiam o que haviam deixado para trás a escolha já havia sido feita, não havia como retornar. 
Você deve estar se perguntando como eu sei disso, pois bem, muitas pessoas que eu amei escolheram atravessar o portão em busca de seus sonhos e eu nada pude fazer para impedir. Um dia, em um momento de desespero me aproximei do portão e antes que pudesse entrar me dei conta de que aqueles que amei nunca retornariam e que se eu entrasse por aquele portão eu também me perderia. 
Passei dias olhando através do portão e vendo as pessoas que amei na miragem, até que um dia eu decidi que partiria. Às vezes, os olhos do coração nos cegam e bebemos veneno esperando a cura. Muitas vezes eu pensei que poderia ter atravessado o portão e morrido com a ilusão de ter encontrado tudo o que sonhei, mas são as minhas desilusões que me lembram que eu continuo viva.
O mestre nunca olhou pra mim, mas eu sempre me perguntei como ele se sentia sabendo que mudaria a vida daquelas pessoas para sempre.

 

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