"Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais." 
Ana Jácomo

Que a minha jornada nesta terra seja leve, seja doce.
Que possa nascer e crescer, dentro de mim, fora de mim, mas que eu nasça.
Que o sonho volte a ser respirado.
Que eu renasça.
Que a centelha divina que mora em mim volte a brilhar.
Eu desejo, eu desejo, do fundo do coração, voar para longe, para dentro do meu coração.

Fazia muito tempo que já não me encontrava vazia, em paz.
Há solidão e silêncios por todos os lados e eu já não vejo a luz, mas também não dói.
Se chove lá fora imagino que estou dançando lentamente e caindo como chuva.
Se faz sol, imagino que sua luz ilumina dentro, diretamente em meu coração.
É um instante, pequeno detalhe.
Um movimento súbito do coração que me faz lembrar que eu ainda existo.
Um dia talvez os silêncios sejam quebrados e os abraços aqueçam.
Enquanto isso eu ainda estou parada ouvindo alguém tocando piano ao longe, tocando minhas veias, meus sonhos, meus antigos amores.
Minha inspiração.
Talvez seja essa paz que eu busco, essa paz que já não dói.

Parece que finalmente nossos corações se separaram e eu posso dormir em paz.
Não há mais dor quando me movo e não há vestígio seu ao meu lado.
Finalmente estou livre, livre para falhar, livre pra buscar tudo aquilo que é meu e que se perdeu nesse nosso caminho.
Fico feliz em saber que você encontrou tudo o que desejava para ser feliz. O nosso adeus já não dói mais e eu estou pronta para esquecer você.
Profundamente e puramente eu estou livre, livre pra cair.
Livre, livre para voar até mim e me envolver com minhas asas, enfim.

Meus olhos sorriem ao pensar em você, ao ver você, ao sentir você.
Você é um como um sonho de verão que dura todas as estações.
Tocar com os olhos.
Sentir com a alma.
Quem serei eu depois de você?