16 de ago. de 2014

Tornar-se pessoa.

Postado por AnaBaú às sábado, agosto 16, 2014
Nascemos e logo nos dão um nome, uma certidão de nascimento, um horário, um número de apgar e, a partir daquele momento, somos cidadãos brasileiros. Passamos a ter direitos, deveres e somos reconhecidos, mas isso é suficiente para que nos tornemos pessoas?
 No início, somos um caos, um folha em branco que vai sendo pintada pelos nossos pais, pelas experiências que vamos vivendo, pelos diversos sentimentos que passam por nós sem que consigamos identificá-los sozinhos. Aos poucos, nossos pais nos ensinam que podemos confiar neles (ou não), que temos que os respeitar porque eles sacrificaram a vida deles por nós, que temos tudo o que temos graças a eles. Aprendemos a compartilhar nossas coisas (ou não) com nossos irmãos, amigos, primos, colegas, ou então temos tudo para nós mesmos.
Vamos para a escola e passamos, ano após ano, com medo de chegar em casa com a notícia da reprovação e levar uma surra de cinto. Fazemos amigos e começamos a construir novas formas de se relacionar e ser, diferentes daquelas que tínhamos em casa. Até que chega o momento em que nos perguntamos quem nós somos, ou quem fomos até aquele momento. Eu me fiz essa pergunta durante muitos anos e penso que realmente me tornei uma pessoa no momento em que passei a fazer minhas próprias escolhas. Tornar-se pessoa é escolher, e escolher é tornar-se pessoa. É poder escolher ser quem se é, independentemente do que as outras pessoas pensarão sobre isso. É construir-se positivamente na relação com os outros, é definir afastamentos e aproximações, é escolher ficar, mas também escolher ir embora.
 É ter coragem de largar tudo o que teve até então e ir embora na tentativa de se encontrar. De passar todos os dias da sua vida sendo cada vez mais quem você é. E isso não significa passar uma vida sozinho, isolado numa ilha, vivendo do que a natureza pode oferecer. Ir atrás de quem se é, [é] encontrar pessoas para compartilhar as nossas existências, é deixar um pouco de si e levar um pouco do outro, é dar para o outro o que ele precisa, mas sem esquecer das suas necessidades. Até que um dia, depois de andar, você encontra outra pessoa-passarinho, um ser que largou tudo o que tinha e encontrou você, porque o verdadeiro sentido de tornar-se pessoa é encontrar alguém para compartilhar aquilo que se é.

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