16 de ago. de 2014

As horas.

Postado por AnaBaú às sábado, agosto 16, 2014
Uma trilha sonora triste está tocando ao fundo, mas ela está surda.
A música perfeita para o final de uma cena, aquela na qual a personagem principal se afoga no lago.
Ela deixou uma carta escrita para seu marido. Ela deixou várias cartas, mas ninguém as leu. E então um dia levantou-se e resolveu partir por ela mesma, sem esperar ninguém.
O coração deseja ser livre e poder voar para onde quiser.
Malas não se fazem necessárias quando se tem um coração.
O coração é o guia e ouve os sussurros do destino.
Outra se sente congelada numa história que criaram para ela.
Lhe deram um papel que ela não gostaria de representar.
Sequer lhe permitiram dar o tom de suas falas, ou o brilho de seus olhos.
Ela sente-se asfixiada olhando a imensidão de papéis que se formam a sua frente.
Todos escritos, sem um mínimo espaço em branco para ela poder colocar a sua versão.
Um dia levantou-se cedo, e partiu para a estação de trem mais próxima e desapareceu, como em suas lembranças.
Ao final da linha de trem, há alguém que chegou de algum lugar.
Ela está fechando os olhos nesse exato momento e sentindo a música que toca ao fundo.
Ela sente que esta é a música do seu destino, mas sabe que os passos serão os dela.
Pega sua mala, coloca um sorriso no rosto e anda como se fosse invisível no meio daquela multidão.
Aquele é o primeiro dia de sua vida, e ela sabe que enquanto ouvir seu coração, ela irá para o lugar certo.

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