1 de jun. de 2013

Postado por AnaBaú às sábado, junho 01, 2013
Eu não sou mais sua boneca de porcelana, você não vê?
Sufoca-me, aperta-me, prende-me debaixo de suas asas, você não vê?
Preciso de carinho, de cuidado, de abraço, de afago, você não vê?
Toca-me, não sou de vidro. Toca-me, eu posso não quebrar.
Aqui estou eu, com minha folha em branco, desenhando traços que estavam desafinando em mim.
Folha branca, que se pinta de um não-mim. Ou será que isso é o que sou?
Não há calor em mim, e eu fiquei tão longe, tão longe, esquecida num canto cheio de poeira, como uma boneca de porcelana.
Com um vestidinho bonito e um sorriso numa cara pálida. As mãos estão tão longes, olhos se aproximam, mas não tocam, e está tão frio aqui.
Esquecida no escuro e com frio, o toque assusta-me agora.
Preciso e temo.
Agora sou eu que preciso ficar longe, tão longe.
Desejando estar perto, com medo de estar perto.
E assim vou ficando eu,
longe,
tão longe,
cada vez mais longe,
até que desapareça de mim o último fio de vida.

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