27 de mar. de 2014

Dedos

Postado por AnaBaú às quinta-feira, março 27, 2014
Os teus dedos.
Sinto as tuas linhas deslizando nas minhas, ásperas mãos.
Pergunto-te, seriam tuas mãos redondas ou quadradas?
Mãos sensíveis ou práticas?
Tu simplesmente roças teus indicadores na minha palma, ou seria na minha alma?
Deleito-me silenciosamente, imaginando a ponta dos teus dedos percorrendo as minhas costas, te olho e você sorri.
Me desarmo. Roço a ponta dos meus dedos por toda a sua mão, arranho-te, desejo te sentir em toda extensão e textura, e quem sabe em toda sua ternura e sensibilidade.
Ai menino! Quem diria que um dia já fomos amantes? Ou será que ainda somos dois, sem nome? Já não o tenho, mas o toque dos seus dedos contra os meus me acalma.
Agita os meus sentidos, e me enche de ternura só com o olhar.
Acalma os meus sentidos, com a forma como segura a minha mão.
Sinto como se pudesse percorrer o mundo sem medo, porque levo você comigo.
Percorro as tuas linhas, querendo desenhá-las contigo.
Tu percorre as minhas linhas, querendo saber por onde estive.
E assim o tempo passa, nos olhamos, sorrimos, e deixamos que os nossos dedos se encontrem, se descubram, se afastem, se escondam, se sintam.
Assim como fizemos um dia, enquanto o calor do sol ainda brilhava dentro e nós, e tudo o que nós precisávamos para viver, era sorrir.
Te sinto como uma linha viva que cresce e se ramifica em mim.
Te percorro com a certeza que encontrarei a mim mesma no meio do percurso.
Te deixo livre para que percorra os caminhos atrás de sua essência, mesmo que esses caminhos te afastem de mim.

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